DID: Transtorno Dissociativo de Personalidade - Capítulo 01
[O transtorno dissociativo de identidade, também conhecido como transtorno de personalidade múltipla, é um transtorno mental em que a pessoa se comporta como se fosse duas ou mais pessoas diferentes, que variam em relação ao seus pensamentos, memórias, sentimentos ou ações. (Tua Saúde, atualmente.)]
Era a mesma noite de sempre.
O espaço vazio, onde o cheiro de cigarro queimado e álcool vibrava, era difícil se manter em pé. Era assim todos os dias, nos pés inchados o tênis de solas gastas pareciam apertados.
-Ei, por Deus, vá para a cozinha. Eu estou implorando para você jogar fora o lixo.
A mesma coisa acontecia todos os dias, quase 30 minutos após o horário de trabalho. O gerente, que é o dongsaeng do dono, era muito trabalhador, mas conhecia a vida pessoal do funcionário.
-Ta bom. Vou jogar o lixo fora e ir para casa.
-O quê? Você vai para casa?
-São 19:30.
-…Ah, e a hora extra?
O gerente agiu como se não soubesse. Seowoon veio de manhã e achou que era uma boa ideia abrir as portas da loja.
-Talvez você esteja enganado, não é? Olhe para o horário novamente.
Seowoon puxou o celular exibindo a tela.
Era uma foto de um quadro branco rabiscado à mão e era um cronograma de trabalho para uma semana. Foi o gerente quem o rabiscou.
-Ah, Senhor, estou muito ocupado hoje…
Seowoon fingiu não ouvir as reclamações mudas do gerente.
Foi a primeira vez, e ele agiu como se não soubesse de nada, mas agora que já faz quatro meses de trabalho, sabia que uma atitude diferente seria inútil.
O gerente nunca pagou as horas de trabalho de maneira adequada, ao mesmo tempo que obrigava as pessoas a trabalharem horas extras, obrigando-as a trabalhar no turno da noite, como queria fazer agora.
Era decepcionante a maneira torpe como o gerente tentava resolver as coisas.
Seewoon estava intrigado com o tratamento que recebia. Se perguntou se o gerente estava pegando leve com ele, porque ele sabia que era órfão.
-Estou indo.
Seowoon tirou o avental. Enquanto o colocava no armário atrás do balcão, o gerente congelou por trás.
-Acho que Hyun-Cheol está um pouco atrasado hoje, não pode esperar mais uma hora? O amigo dele disse que ele sofreu um acidente de motocicleta.
Talvez haja possibilidade.
O atraso de Park Hyun-Cheol era normal. Cada vez os motivos eram diferentes, era estranho que o gerente estivesse sempre ouvindo os motivos. A menos que houvesse algo errado com este mundo, não havia como um terrível acidente acontecer sempre que Hyun-Cheol fosse trabalhar.
-Hyun-Cheol não se acidentou.
Depois de responder, Seowoon estava mal-humorado, ele rapidamente entrou na cozinha antes que o gerente o segurasse ainda mais.
-Por favor, me dê licença, vou pra casa.
-Ei, foda-se. Você está aqui agora não é? Não pode ver que está super lotado? Pensei que seria cozido nesse calor!
A churrascaria desse cara era uma sala e uma cozinha, e todos os homens estavam xingando sem restrições. Depois de trabalhar no local por quatro meses, sua boca parecia estar ficando suja também.
-… Estou de folga do trabalho.
Odiava esvaziar a lata de lixo sem usar avental. No entanto, ficou aborrecido com o fato de o gerente ter lhe impedido quando tentou entrar para vestir o avental novamente.
-Esvazie a lixeira e vá! Ou você está pensando em deixar para outra pessoa?
-O turno da noite chegará em breve.
-Tenho que aguentar isso até lá? Para de agir como um cachorro e esvazie isso agora.
‘Preciso aguentar.’
Hoje, com a mesma determinação de ontem, Seowoon arrastou uma pesada lata de lixo e saiu. Para evitar que caísse em seu corpo de alguma forma, puxou pelo meio, amarrou a ponta do saco plástico e jogou no lixo. Ainda assim, suas mãos pareciam pegajosas.
-Vou lavar minhas mãos.
Seowoon dirigiu-se ao banheiro público do prédio.
***
Shaaah…
A água que escorria pela pia estava fria. Também havia um detergente em uma garrafa de plástico com letras não inglesas escritas nela, a pressão da água estava boa. Em comparação com os dormitórios no semi-subsolo, os banheiros públicos do novo prédio ficavam no nível do hotel.
Há boatos de que, se os banheiros estão sujos, os estabelecimentos também estão, nesse local o gerente age ferozmente com os funcionários do prédio todos os dias. Independente da qualidade do banheiro, Seowoon teria deixado seu trabalho mais cedo.
-Cheira forte.
Seowoon, que agora estava relaxado, segurou a bainha de sua camiseta e cheirou.
Felizmente, não havia cheiro de resto de comida podre, mas o odor de carne queimada permaneceu. O cheiro de queimado parecia vencer todos os aromas.
Depois de se limpar na água, era hora de ir.
Parecia que havia alguém em suas costas, então se virou e viu alguém sentado no vaso sanitário cuja porta da cabine estava aberta.
O homem estava com as pernas abertas e a cabeça inclinada para o lado. Parecia que estava bêbado e não conseguia se controlar.
-Com licença.
Ele não estava mais trabalhando, e o cara nem era um cliente.
E Seowoon nem era tão intrometido como os outros.
Mas simplesmente não podia deixar passar, era por precaução. Ele se perguntou o que aconteceria se um cara dormindo indefeso assim fosse um ômega.
-Não faça isso aqui, vá com calma. Ou algum filho da puta alfa mal intencionado pode te atacar.
TAP TAP.
Seowoon deu um tapinha no ombro do homem.
-Ei, espera um pouco. Me deixa ver isso.
O homem parou e balançou a cabeça.
O rosto, que estava curvado para o lado, foi revelado, e o corpo de Seowoon enrijeceu sem perceber.
-O que é isso…
Para ser honesto o homem bonito, parecia um alfa, não um ômega. Não sabia porque estava sentado, mas na verdade pensou que ele era muito alto. Não sabia se sua cabeça era pequena ou se seus ombros eram estranhamente largos.
Havia uma cicatriz em um lado de sua testa.
Uma cicatriz que lembra demais para dizer que não.
-De jeito nenhum…
Seowoon se lembrou da casa funerária há quatro anos.
Um magnífico salão funerário com mais coroas do que pessoas, era sufocante.
O recepcionista funerário, um estudante do ensino médio que estava parado na entrada com um rosto inexpressivo, curvava a cabeça para as pessoas que entravam.
Seowoon não foi lhe dizer olá. Não havia nada a ser dito, apenas assistiu. Depois de deixar a família, sua mãe viveu como ômega de alguém. Ele era filho do alfa, que vivia com sua mãe.
Como o menino chamava sua mãe?
‘Você o chamava de pai? Como ele te tratou? Te tratou como um filho?’
A cicatriz em sua testa era impressionante.
…Pareciam com a cicatriz daquele homem.
Vendo o jovem recepcionista funerário saudando como uma máquina, Seowoon pensou nisso.
Parecia o famoso bruxo, isso soava tão belo. (N/T: Aqui faz referência a Harry Potter.)
***
-Ugh…Sede.
Estava com sede.
Seowoon deitou no chão e tateou seus arredores. Deve ter uma garrafa de água em algum lugar próximo. Seowoon tinha um estilo de vida estranho no qual ele colocava água em qualquer lugar.
-Por que não…Ugh…
Não importava o quanto ele procurasse, ele foi forçado a abrir os olhos quando não conseguiu colocar as mãos em uma garrafa d’água.
Seus ombros e costas doem. Foi a primeira vez que teve um formigamento nos membros como este, era difícil até mesmo, fazer qualquer movimento.
Abriu os olhos e notou que tinha dormido no chão. Dormiu sem um edredom no chão, por isso doía todo o seu corpo.
-Quem é você?
-…? …!
Isso foi uma enorme surpresa.
Seowoon notou um homem sentado em um colchão que havia sido deixado para trás por um inquilino anterior e abriu a boca. O homem ontem estava bêbado e dormindo no banheiro. Lembrou-se que estava sozinho e ansioso porque não conseguia voltar ao normal, e eventualmente o trouxe para sua casa.
‘Eu devia estar louco ontem…’
-Não acho que se esforçaram para te levar de volta.
O homem, o mesmo da funerária no passado, olhando para ele com um rosto sério.
-Então por isso que você me trouxe?
-Não é isso…eu…ontem lá…
-Ontem? Frequenta a mesma faculdade?
-…Sim.
Seowoon acenou constrangido.
Não havia necessidade de dizer quem ele era.
Estava quente e o sol ardia. O molde de papel de parede estava caído e aquele cara da funerária era elegante demais pra tudo isso.
O nome de um dos seus pais que morreram no acidente não estava na funerária.
Havia apenas o nome Eun Yoon-Hee. Ouviu dizer que era uma alfa rica que seu pai conheceu depois de abandonar sua família. Seu pai vivia como o ômega de Yoon-Hee em uma casa com paredes altas como um castelo. E ele nem mesmo entrou em contato com Seowoon.
O detetive, que lhe informou da morte de seus pais por telefone, disse-lhe que não haveria necessidade de entregar os corpos e de sepultamento em separado. Disse também que cuidaria de tudo de sua própria casa. Seowoon entendeu isso como se ele fosse providenciar o funeral em seu lugar.
No entanto, não havia o nome de seu pai na sala funerária. Não conseguia nem saber o que aconteceu com o corpo dele. Apenas lhe foi dito que foi processado. Mesmo quando questionado sobre o que significava ser processado, não houve resposta.
Talve, não pudessem dizer quem era quem.
Seu pai morava em uma casa como o ômega de Eun Yoon-Hee. No entanto, não havia nenhuma história de viver como esposo de Eun Yoon-Hee.
Como seu pai o chamava, quando colocava óculos redondos e ficava parecendo o bruxo do filme, ainda mais quando via a cicatriz em sua testa?
Seowoon não sabia.
Ele nem sabia o que significava.
Ele simplesmente não conhecia aquele cara. Não tinha nada a ver com isso e não haviam razão para isso.
-Eu não sei quem você é.
-Eu também não sei. Eu só reconheci seu rosto. Então você dormiu por um dia porque parecia estar muito cansado.
Seowoon disse isso enquanto tossia forte.
Ele já havia decidido deixar o passado para trás. Já que nada voltaria a ser como era antes.
-Álcool…eu bebi?
-Você estava completamente fora de si. Seja cuidadoso da próxima vez. E se um alfa te encontrar indefeso assim?
-…
Os olhos castanhos estão começando a focar.
A cor da íris era muito chamativa sob um feixe de luz do sol no semi-porão. Um lustre pendurado na sala funerária veio à mente.
-Você é um ômega?
-… Não. Eu não sou.
-Sério? Achei que você fosse, não costumo errar assim.
-…
O rosto de Seowoon endureceu estranhamente.
-É melhor parar por aí. Você não está atrasado para a aula? Você aqui, veja bem…é um pouco longe de lá. Você tem que andar bastante.
-O sunbae não conhece sobre meus horários.
Seu tom de voz limpo, porém frio, tornava difícil desenterrar as emoções escondidas sob ela. Se ele apreciou a bondade ou não, não era possível dizer apenas olhando para seu rosto…
-A porta não abre.
-A porta? Tão de repente?
Seowoon, olhou e se aproximou da porta da frente sem escolha. Estava sendo observado e esperado como se tivesse pedido para que fizesse algo.
-Está trancado. Você não percebeu?
Seowoon estendeu a mão e girou a fechadura que virava em direção à marca LOCK.
Um sorriso que não precisava sair.
-Você nem é uma criança.
Deve ter sido só porque era engraçado. Ele é tão alto que não consegue abrir uma única porta, ele olhava tudo fixamente como uma criança.
Era como se fosse um irmão mais novo.
Infelizmente, era hora de dizer adeus.
-Tchau, Eun Seoho…
Seowoon trouxe o nome que ele se lembrava desde que o viu uma vez no funeral, naquele dia.
Só então se perguntou se foi o recepcionista que ele viu na casa funerária, mas Eun Seoho, que acabara de abrir a porta, virou a cabeça e olhou para ele.
-Você realmente sabe meu nome. Qual é o seu nome, sunbae?
-…Shin Seowoon.
Só depois de pronunciar acidentalmente seu nome é que notou que não tinha porque responder.
Ele não pode lembrar seu nome… não pode.
Seu pai não era nem conhecido, e ele não ficava falando o nome de seu filho, que ele abandonou para servir como amante para um alfa.
-É Shin Seowoon…ahaaa.
Seoho acenou com a cabeça.
-Estou indo, sunbae.
De repente, a porta se abriu e Eun Seoho desapareceu.
Era como se ele não soubesse o nome de Shin Seowoon.
A coincidência acabou aí.
Depois disso, nada foi por acaso.
_______ Nota da Lilith:
A obra foi doada por Ah-Ri Novel´s de 1 ao 44 foi feito por ela – Por conta de roubo de tradução estou colocando esse lembrete.