A Cobra Venenosa - Novel - Capítulo 01

— Uma cobra precisa ter sua cabeça cortada corretamente.

Parando atrás de mim, meu tio Gaeo sussurrou baixinho. A umidade fria grudou em meus ouvidos. Tremi, abri os olhos e olhei para algo na minha frente.

Um grande saco de lona jogado como uma mochila no chão de mármore e dentro supostamente contendo uma cobra com uma corda amarrada na cabeça.

— Tio. Isso… o que é isso?

— É uma cobra venenosa.

Tio Gaeo deu uma resposta curta e agarrou meu ombro com força.

— A cobra tem que ter sua cabeça cortada e enterrada no chão. Caso contrário, a cabeça decepada irá ricochetear e morder as pessoas.

Eu não sabia o que era. Por que ele está falando de repente sobre cobras venenosas? O que diabos havia no saco na minha frente? Foi simplesmente confuso. Eu olhei ao redor, tremendo de medo.

Meus olhos encontraram os do meu pai, que estava de pé na grade do segundo andar e então olhando para baixo. Era um olhar frio como o gelo e ríspido. Como sempre.

— Jovem mestre. Você quer decepcionar seu pai? Todos os outros mestres também aniquilaram as cobras venenosas.

Tio Gaeo sussurrou baixinho e colocou algo na minha mão. Era uma arma. A sensação da arma em minha mão era terrivelmente fria. Um vento frio passou por meus ouvidos e soou como um assovio. Eu parecia estar sonhando com os olhos abertos, mas o peso da arma em minha mão era muito realista.

Eu tinha entendido. O que esta situação significa. O que eu preciso fazer.

— Está carregada. Tudo que você precisa fazer é atirar. Você sabe atirar, certo? Você praticou muito. Agora, aponte para este lado.

Tio Gaeo gentilmente agarrou minha mão segurando a pistola e a ergueu para me ajudar a apontá-la em direção ao grande saco no chão.

— O veneno é tão forte que se ela te picar, você morre. Antes que elas mordam você, você deve matá-las e cortar suas cabeças.

Naquele momento, o saco em frente aos meus olhos começou a remexer, ou melhor, a criatura no saco. RASS! O saco rasgou-se com um som, estremecendo violentamente.

— Oh, tio. Isso não é uma cobra venenosa, é?

Eu me assustei e tirei o braço que estava sendo agarrado por meu tio, mas então meu pulso foi agarrado com ainda mais força.

— Ela está prestes a pular. Vá em frente, atire.

O gemido escapando do saco ficou mais alto. O bater de asas ficou mais intenso.

— O que diabos está aí dentro?

— Atire!

Gaeo gritou.

Ele agarrou a minha mão e colocou seu dedo no gatilho. De alguma forma, é claro, tentou fazer minha mão ficar longe de puxar o gatilho.

— Eu não gosto disso! Não posso!

Isso me fazia mal também. Lágrimas encheram meus olhos. Eu queria tirar minha mão, mas o aperto de Gaeo era muito forte.

— Me ajude! Me ajude!

Um grito veio do saco esvoaçante. Era obviamente uma voz humana. Ele parecia uma criança da sua idade.

— Tio, isso é uma pessoa. Está viva! Como você pode atirar nas pessoas?

— Atire! Anda!

Os gritos malignos do tio Gaeo perfuraram meus tímpanos. Eu odeio tudo isso! Eu também gritei até ficar rouco, lutando enquanto chorava. Então ele agarrou meu dedo e puxou o gatilho.

Baang! Um tiro certeiro perfurou o ar.

***

Biiiip. Biiiip

Eu abri os olhos surpreso com o som alto e vibrante. O fundo cinza sombrio da sala chamou minha atenção. Eu parecia ter adormecido enquanto examinava os papéis na sala de conferências. Mesmo quando abri os olhos, não pude deixar de continuar piscando os olhos ainda deitado na cadeira.

— Foi apenas um sonho. Um pesadelo terrível de 10 anos atrás o qual tenho regularmente.

Novamente, o som de vibração soou. O celular na mesa tremia e brilhava. Mal movia meu corpo inerte e peguei o celular, e a vibração parou. Quando toquei a tela com a ponta dos dedos, apareceu uma notificação dizendo que haviam 7 chamadas perdidas.

A chamada perdida era de Baek Wooyoung.

Recuperando a consciência. A sensação de sono que havia permanecido no ar foi imediatamente embora. Foi quando eu peguei o celular e apertei o número de Baek Wooyoung, que agora aparecia em minha lista de chamadas perdidas.

Alguém bateu na porta da sala de reuniões, a abriu e entrou. Era o Sr. Kim

— Chefe… como está seu trabalho?

— Eu só preciso fazer os retoques finais. Por quê? Você tem algo para me dizer?

— Sinto muito, mas posso sair mais cedo? Algo urgente surgiu em casa, então eu tenho que ir.

Assim que verifiquei a hora no meu relógio. Era um pouco depois das 6 horas: 一 Sim, vá para casa. Não há nada do que fazer mais. Já passava das seis.

Embora tenha dito para ir embora, o delegado Kim me olhou envergonhado.

— Você não vai trabalhar horas extras hoje de novo, né? Ainda tenho trabalho a fazer, mas infelizmente terei que ir embora sozinho hoje…

Meu celular tocou, interrompendo as palavras do Sr. Kim.

[Hyung. Me salve.]

A mensagem de texto de Baek Wooyoung foi mostrada na tela do celular.

— Eu também sairei do trabalho no horário hoje. Vamos juntos.

Enquanto falava, me levantei e peguei meus papéis e o laptop. Só então o rosto de Kim se iluminou. Deixei a sala de reunião com o delegado Kim e informei aos membros da equipe que fossem embora também.

— Todos podem ir para casa. Vamos respirar e descansar um pouco agora que apagamos um pouco o incêndio.

Os membros da equipe, que tiveram que trabalhar horas extras por quase uma semana, se moveram mais rápido do que nunca. Depois de dispensar os membros, saí correndo do escritório com meus pertences. 

Depois de entrar em meu carro, no estacionamento subterrâneo, peguei o celular novamente e fiz uma ligação. Depois de chamar algumas vezes, a voz de Baek Wooyoung soou no telefone.

— Porra. Por que você não atende o celular?

Ele começou a xingar do nada, mas o que eu tinha feito ao garoto? Prendi respiração e disse.

 — Onde você está?

— Sabe quantas vezes eu liguei para você? E você fingindo estar muito ocupado!

— Onde você está? Me diga logo!

Tentando manter a paciência, as veias do meu pescoço ficam mais espessas.

— Oh droga. Não grite comigo, é irritante! Não sei se estou na Coréia. 

— O que você está falando?

— Fui levado por algumas pessoas estranhas. Desmaiei e acordei, mas parece um quarto de hotel. Mas eles têm armas e a atmosfera não é piada. Quando eu disse que ia sair, eles me bateram. Estou ligando porque estou me escondendo no banheiro. Estou com tanto medo que estou ficando louco… 

— O que diabos você fez?

— Não é grande coisa. Peguei dinheiro emprestado.

— O que aconteceu com todo o dinheiro que eu te emprestei há três meses? Você já pegou emprestado de novo?

— Você acha que ainda tenho aquele dinheiro? Fui ao Cassino de Macau…

Cassino. Essa única palavra explicava toda a situação. O vício do jogo provavelmente foi a causa novamente. A razão pela qual ele fugiu depois de roubar todo o meu dinheiro, roupas, relógios e sapatos por quase um ano. E a razão pela qual ele ligou chorando escondido inesperadamente três meses depois. É por causa da maldita dívida de jogo.

— Você pediu dinheiro emprestado para jogar?

— Houveram dias em que tive muita sorte. Não sei se sou um deus do jogo, mas ganhei dinheiro sem esforço. Com isso, o corretor me seduziu a fazer uma grande aposta na sala VIP. Há um lugar chamado Junkit Room. Só havia ouvido falar dela, foi a primeira vez em que a vi pessoalmente. Uau! Os grandes jogadores são algo de outro nível. A quantidade de apostas em si é enorme. Um token básico é no valor de $100.000. $100.000!!! O preço de uma ficha básica já é enorme, mas a quantidade de apostas que as grandes empresas oferecem não é brincadeira. Seguram um token de $100.000 como se fosse apenas uma moeda…

Eu não queria escutar mais nada, então o interrompi e perguntei.

— Então, quanto foi que você pediu emprestado?

— Não é muito. É uma miséria. 600 milhões de wons coreanos? Não é muito dinheiro, posso pagar em pouco tempo se fizer alguns serviços.

— Droga, você é um ator! — Minha nuca enrijeceu. Eu aguentei o vício de ser ganancioso. É fácil ter alguém escrevendo para um ator como ele em um anúncio. Como sempre ele estava cheio de blefes, sem nenhuma habilidade ou talento, e devendo 600 milhões de wons.

— De qualquer forma, ouça com atenção. Sabemos que se eu ganhar aqui, minha vida finalmente florescerá. Então apostei tudo o que tenho.

— E perder todo o seu dinheiro em um instante não é o suficiente, então você pede mais emprestado, joga e perde novamente?

— Oh droga! Não posso deixar de pensar que fui enganado. Agarrei-me à sorte do jogo. Era definitivamente um jogo que eu iria ganhar. Acho que aquele idiota do Eric é o cérebro do lugar. Tenho certeza que ele planejou isso com o traficante. Eu fiquei tão bravo que bati nele.

— Você acabou de dizer Eric?

— Você sabe como eu sou, certo? Eu não suporto esse tipo de coisa. Eu tenho um temperamento forte. Oh droga. Naquele momento, ele mataria todo mundo se estivesse de mau humor.

— Basta responder ao que eles perguntarem. Você disse Eric!?

— Sim, ouvi dizer que ele é de família de chaebols, mas é um cara rico que tenta ganhar o jogo, usando truques sujos. Se perder toda a fortuna, fica louco e agressivo. Ele veio para a Coreia por vingança a quem o venceu várias vezes.

— Era o cassino do Hotel Conrad, certo?

— Eh? Como você sabe?

— Não é coincidência você, Baek Wooyoung, conhecer Eric lá. O Hotel Conrad, onde o cassino estava localizado, pertencia ao pai de Eric, Daniel Wagner. — Eu suspirei profundamente. — Ah, você é um idiota.

— Porque está me insultando?

— Babaca estúpido. Você tem ideia de quem você bateu?

Conseguindo suportar todos os tipos de insultos.

— Quem é aquele filho da puta?

— O filho do presidente do Hotel Conrad.

Pôde-se ouvir o som dele engolindo seco do outro lado da linha.

— Como você pode bater em alguém assim? Deveria agradecer que Eric o deixou vivo e não o enterrou nas colinas.

Quando eu falei sério, ele mudou de atitude e começou a chorar.

— Ei, ei, ei, eu realmente vou morrer? Eu não percebi nada na hora. Fiz algo errado, mas não cometi um crime mortal. Me salve. Ainda estou na casa dos 20 anos.

______

Lilith Traduções ( créditos nos capítulos 1 e 2 pela Coven Scan)