A Raiva Estimada - Capítulo 00- Prólogo (2)
Um rei ignorante é um rei ignorante, ele cerrou os dentes trancando e gravou em seu coração que essa tal miséria voltaria novamente quando um novo governante se sentasse no trono.
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— Rynn!
O homem que estava inquieto, envolto em medo e ansiedade, gritou para Rynn, que silenciosamente abriu a porta e entrou, como se estivesse encontrado o seu Deus.
— Rynn! O que vamos fazer? Os inimigos invadiram o palácio imperial! O que eu deveria fazer, Rynn!?
Um rei totalmente estúpido.
Seonje era uma monarca incrivelmente sábio e benevolente, mas o seu único herdeiro é tão estúpido que foi somente quando a situação se tornou tão irreversível que ele percebeu o que havia feito.
‘Mas não foi falta de aviso. Quantas vezes você foi avisado!’
As estrelas do céu estavam se movendo estranhamente. Ele insistiu dez ou vinte vezes para fortalecer os guardas na fronteira e preparar para a guerra que estava por vir, pois era um sinal da ruína do país, mas todos esses apelos amargos foram ignorados.
Agora, quem poderia salvar a piedade filial?
O céu, que teve pena do Hyoguk, deu um aviso com antecedência, mas não foi o rei que ignorou o aviso.
Mas mesmo sendo um rei tão tolo, Rynn não pode deixá-lo sozinho. Mesmo se ele estivesse sozinho, ele pode enviar a si mesmo o máximo que puder em tudo.
Não importa onde ele esteja, há muitos lugares que Rynn por causa do seu poder. Como uma coroa celestial que lê as estrelas no céu para definir o futuro, e curar as doenças de outras pessoas.
Todos os países ao redor de Hyoguk se comunicaram com Rynn. Que ele seria bem-vindo em suas terras.
Mas ele não podia. Pois ele fez um juramento, que serviria ao rei da piedade filial até o fim de sua vida.
Este juramento que fez ao céu e a terra desde que era muito jovem, depois de ser salvo pelo Seonje e viver como um humano de verdade. Ele jurava que serviria por toda a sua vida até sua morte ao rei de Hyoguk.
Então ele não poderia quebrar essa promessa.
O sol não pode escapar do palácio real. Mesmo que as pessoas deixadas para trás sejam lamentáveis, elas não podem ficar sozinhas.
— Rynn! Faça uma profecia! Como vou estar, onde demônios estão os generais? Você não consegue ver nenhum deles!
— Sua majestade.
Rynn pegou a mão trêmula do rei e o colocou no trono. Então ele se ajoelhou na frente dele e segurou sua mão com força.
— Os generais foram todos mortos e os soldados foram capturados, e agora do lado de fora os gritos dos soldados sendo mortos pelos os inimigos e a devastação daqueles horrendos cheios de gritos de dor das damas da corte. Não há como voltar atrás.
— Merda, e os embaixadores……?
— Eles já fugiram em busca do seu próprio caminho. Agora não há ninguém aqui.
— Me, me salve, Rynn! Eu não posso morrer desse jeito.
— Sua Majestade.
Rynn apertou a mão do rei. Uma mão pálida e bonita, sem sinal de sangue.
— Mesmo que poupe a sua vida, você cairia completamente na zombaria deles. Você quer viver uma vida assim? O rei de um país tornou-se escravo do inimigo e é ridicularizado por todos. Quer mesmo viver assim?
— Eu,eu…….
Com uma mão livre, Rynn agarrou o castiçal e o derrubou no chão. Então o fogo se moveu para o tapete no chão e logo começou a queimar.
O fogo avançou rapidamente nas paredes e no teto. Em segundo, todo o templo estava em chamas.
— Eu vou acompanhá-lo na estrada Hwangcheon ¹. Será mais fácil para Vossa Majestade suportar o submundo do que este. Pelo menos não haverá vergonha ou ridicularização lá.
— Não… não quero ser morto desse jeito!
Enquanto ele observava as faíscas que caiam queimando as bainhas de suas roupas, o homem aterrorizado gritou, mas Rynn, que estava segurando sua mão, não mudou sua expressão.
— A dor vai acabar em um momento….
Rynn fechou os olhos. O calor estava aumentando ao redor do rei.
Era assim que a vida terminaria.
‘Você pode vislumbrar a vida de outras pessoas através das estrelas no céu, mas não tem permissão para ver sua própria vida.
Você pode consertar o corpo de outras pessoas, mas não tinha permissão para mudar o seu próprio corpo.
A vida era para os outros. Valiosos para os outros. Como crianças que perderam seus pais, onde, como esses pobres vagarão agora?! Um povo de um país em ruínas, elas…. ….’
O calor e a fumaça deixaram a cabeça de Rynn tonta. O rei que já se sentou no trono perdeu a cabeça.
Rynn, que estava segurando sua mão, não aguentou mais caindo no chão. A fumaça encheu seus garganta e bloqueou seus olhos, sem enxergar nada.
Perto de perder sua consciência, Rynn teve a intuição de que ‘este era o último’.
Desta forma, ele desapareceria em um punhado de cinzas.
Clank !
Foi uma ilusão diante dos seus olhos vendo a porta envolta em chamas com um som aterrorizante?
A imagem de um homem entrando pela porta quebrada não tinha medo do fogo como uma visão no final de sua vida.
O Rynn enquanto fechava os seus olhos, ele tinha certeza que o homem vinha de algum lugar. Por causa da fumaça trabalhando sua visão, ele não pode ver muito bem.
Talvez seja o seu fim.
Fechando os olhos completamente, sua consciência estava caindo na escuridão sem fim, esperando que o ceifador levasse sua alma para o reino do submundo.
Mas uma voz foi ouvida no meio da escuridão. Uma voz de uma homem, que poderia ser do Deus da Morte.
— Rynn!
Será que era uma ilusão auditiva? Uma voz grave que não sabia o que era. Uma voz totalmente assustadora.
Notas:
1- Hwangcheon: O Ceifador (Jeoseung Saja, 저승사자) Na cultura ocidental, a personificação da morte não tem rosto ou gênero, mas sim uma aparência cadavérica, coberta por um manto preto e empunhando a foice que ceifará a alma de todos aqueles prontos para cruzarem o fino véu da vida. Na cultura sul-coreana, no entanto, o fim da vida é espreitado por uma criatura esguia e visualmente humana, usando um hanbok tradicional preto e um chapéu de abas largas, tradicionais no país chamado gat (갓). O nome desse ser misterioso é Jeoseung Saja (mensageiro do além vida, em tradução livre). Seu trabalho não é julgar ou matar, somente guiar a alma do recém falecido até o além, através do Caminho Hwangcheon, até o julgamento em Shi-wang, ou mundo inferior.
Muitas lendas dizem que o Ceifador é um fiel servo de Yama, Rei do Inferno na cultura budista, mas muitos o identificam como uma entidade sozinha e fiel a sua incumbência com os vivos de guiar os falecidos. Ele aparece para pessoas tomadas por doenças graves e prestes a partir, podendo ser visto em locais permeados pela aura da morte – como hospitais e áreas propícias para acidentes fatais -, devotos a tarefa, não é possível negociar ou suborná-lo, uma vez que Jeoseung Saja aparece, sabe-se que é o fim.